Atração especial Speedhunters™: conheça seu quattro
para abordarmos o tema desta semana, vamos voltar às aulas... mais especificamente, às aulas do quattro.
Need For Speed™ Unbound
Desde o lançamento do Unbound Vol. 6: Cara a cara, a gente está no embalo da Audi para comemorar a volta dela ao mundo digital do Need For Speed .
Além de ter destrinchado as atualizações do jogo, a gente também relembrou os cinco principais Audis tunados que foram apresentados no Speedhunters ao longo dos anos. Mas, para abordarmos o tema desta semana, vamos voltar às aulas... mais especificamente, às aulas do quattro.
É possível encontrar uma variante do quattro em quase todos os Audis produzidos em 2024. No entanto, suas origens remontam aos anos 1970. A elaboração desse sistema é atribuída aos engenheiros Jörg Bensinger e Walter Treser, considerados seus pioneiros (e força motriz), antes de sua estreia mundial em 1980 por meio do carro de estrada Ur-quattro.
Depois, conforme a Audi lançava o sistema nas suas campanhas de rally de 1981 em diante, foi ficando claro que essa revolução com tração nas quatro rodas tinha vindo para ficar. Além de a Audi ter conquistado dois campeonatos e 24 vitórias entre 1981 e 1986, o WRC não vê um vencedor de tração nas duas rodas desde 1983, com o Lancia 037.
O quattro pode ser o sistema de tração nas quatro rodas mais renomado do planeta, mas não foi o primeiro do tipo. Nem de longe. Os primeiros modelos de transmissões de tração nas quatro rodas remontam ao início da combustão interna, com os irmãos Spijkers abrindo caminho em 1902 nos Países Baixos com o Spyker 60 H.P.
Nas décadas seguintes, diversas variantes de 4x4 foram desenvolvidas para o uso militar e off-road, incluindo o Jeep Willys e a Land Rover Series 1. Mas e quanto aos carros "normais"? O Jensen FF, em 1966, e o Subaru Leone, em 1971, utilizaram tração nas quatro rodas muito antes da Audi. Mas o que tornava o quattro diferente dos demais era o jeito como ele alimentava as quatro rodas.
Em vez de usar uma caixa de transferência pesada e ineficiente para alimentar ambos os eixos, a Audi desenvolveu um diferencial central mais leve e menor para fornecer potência aos dois eixos. Assim, quando a tração se tornava ainda mais limitada, era possível bloquear o diferencial central com um botão operado a vácuo, o que permitia que os diferenciais dianteiro e traseiro girassem na mesma velocidade sem escorregar.
Mas a verdadeira reviravolta veio em 1987, quando a Audi apresentou o diferencial central Torsen (sensor de torque). Ao contrário de outros sistemas, isso permitia que a Audi dividisse continuamente a potência entre os eixos quando fosse necessário. Assim, em vez de fornecer potência de modo igual, seria possível enviar de 25% a 75% para o eixo com mais aderência. Esse tipo de tecnologia parece comum agora, mas de volta a quase quatro décadas, é possível ver por que o quattro ganhou tanta reputação, seja no automobilismo ou em relação a carros de passeio.
Em 2024, o termo quattro conta com diversas variações, dependendo do modelo e do uso pretendido, alguns dos quais você pode ou não reconhecer. Então, peguem caneta e papel, que a aula vai começar.
Início: quando foi que tudo começou?
Em 1976, Walter Treser se viu como chefe do programa de Veículos especiais avançados da Audi. Uma de suas primeiras tarefas foi supervisionar o desenvolvimento secreto de um carro de alto desempenho e tração nas quatro rodas, conforme instruído pelo CEO, Ferdinand Piëch.
O projeto nem sequer tinha um nome "adequado", com o primeiro modelo de protótipo sendo simplesmente conhecido como A1 (algo como "tração nas quatro rodas nº 1" em inglês). Além disso, ninguém além de Piëch e sua equipe de engenharia, incluindo Treser e Bensinger, sabia do plano. Muito menos a Volkswagen.
Diz a história que, enquanto conversava com o chefe de desenvolvimento de chassis da VW em Ingolstadt, um engenheiro se gabou com Treser sobre como era ótima a direção de seu VW Iltis off-road de tração nas quatro rodas. Em seguida, comentou, como quem não quer nada, sobre como seria bom se o Iltis tivesse ainda mais potência para ofuscar a concorrência.
Ao ouvir isso, Treser ficou mais intrigado com a ideia de usar a tração nas quatro rodas com ótimo desempenho em um veículo de passeio esportivo, fosse em um coupé ou em um carro de dois lugares. Piëch compartilhava a mesma visão e ela serviria de base para o primeiro carro de produção de tração nas quatro rodas da Audi: o Ur-quattro. Ur significa "original" e quattro é, obviamente, "quatro" em italiano.
quattro... ou Carat?
Se você está se perguntando por que costuma ver o termo quattro escrito com a inicial tanto maiúscula quanto minúscula, a resposta é (relativamente) simples. Quando se falava no "Ur-quattro", costumava-se escrever o "q" em letra maiúscula para especificar que se tratava do modelo, mesmo que os adesivos no carro ainda usassem um "q" minúsculo. Entretanto, ao se referir ao sistema de tração nas quatro rodas, quattro é sempre escrito com a inicial minúscula.
Mas vale mencionar que esse primeiro Ur-quattro quase recebeu um nome completamente diferente. Carat, abreviação de Coupé-All-Wheel-Drive-Turbo, era o nome preferido do conselho da Audi, mas ele já tinha sido usado por uma linha de perfumes femininos, então escolheram a sugestão anterior de Treser: Audi quattro.
Apresentando Torsen
Torsen pode parecer o nome de outro engenheiro da Audi, mas o termo na verdade significa "torque-sensing" (ou sensor de torque). Seu desenvolvimento em 1987 foi o que realmente revolucionou o funcionamento das transmissões de tração nas quatro rodas.
O Ur-quattro usava um diferencial central aberto que incluía a opção de bloqueá-lo manualmente com um interruptor no painel. Porém, a partir de 1988, ele foi substituído por um diferencial torsen, o Type 1, que permitia que o torque do motor fosse fornecido automaticamente para qualquer um dos eixos, dependendo de qual precisasse de mais torque.
A distribuição padrão era de 50% para cada. Entretanto, à medida que a aderência ou a tração mudavam, até 80% do torque disponível podia ser fornecido para qualquer eixo sem precisar configurá-lo manualmente.
Claro, isso tinha suas limitações. Assim como ocorre com o diferencial convencional de deslizamento limitado, o torsen Type 1 é limitado pela quantidade de torque que pode ser fornecida a um eixo. Ou seja, se um eixo não tiver aderência, o outro também não vai receber um torque considerável.
Para tentar mitigar isso, a Audi inicialmente ofereceu o quattro de segunda geração com um diferencial traseiro de travamento manual, enquanto que avanços posteriores (e uma mudança para diferenciais controlados eletronicamente) possibilitaram que cada curva individual pudesse ser monitorada para limitar o giro das rodas e permitir que o torque de uma roda de baixa tração passasse para rodas de alta tração através do diferencial torsen.
Mas e a Haldex?
No caso dos sistemas dos primeiros quattro, a Audi usou um motor longitudinalmente montado com um diferencial central para fornecer uma transmissão de tração permanente nas quatro rodas, o que possibilitava uma troca de torque entre eixos com o diferencial central torsen.
Mas e aqueles Audis de tração predominantemente dianteira? Bem, Haldex é simplesmente o nome da fabricante original e essa transmissão foi projetada para fornecer uma tração opcional nas quatro rodas para aqueles carros de tração dianteira equipados com motores transversais. Por exemplo, pense nos modelos TT e S3 de primeira geração.
Para manter tudo bem acondicionado, a Haldex usa uma embreagem de múltiplos platôs no diferencial traseiro (em vez de um diferencial central) para engatar as rodas traseiras quando necessário, em vez de deixá-las em tração permanente como em modelos anteriores. A desvantagem? Devido ao posicionamento da embreagem e à constante tração das rodas dianteiras, os modelos Haldex anteriores só podiam enviar até 50% do torque disponível para o eixo traseiro. Em outras palavras, na maior parte do tempo, a Haldex não parecia um quattro "de verdade" em comparação com modelos anteriores, e isso foi algo que a Audi abordaria mais tarde.
quattro ultra
Você provavelmente vai notar que a maioria dos Audis modernos é alimentada por algo chamado quattro "ultra". Como o nome sugere, ele é o melhor dos dois mundos, combinando a sensibilidade tradicional do torque com a capacidade de utilizar uma tração dianteira sem as desvantagens de antes.
Por que alguém ia querer uma tração principalmente dianteira? A Audi descobriu que 90% da direção não chega a exigir um fornecimento de potência para as quatro rodas. Além do mais, qualquer pessoa que tenha visto um dinamômetro vai saber que a tração nas quatro rodas drena a potência, que por sua vez também consome mais combustível e reduz a eficiência geral.
A solução? Usar uma embreagem controlada eletronicamente no diferencial traseiro (assim como a Haldex), mas com outra embreagem também localizada na transmissão, o que acaba por desconectar o eixo de transmissão por completo e melhorar a eficiência do consumo de combustível em quase 20% de acordo com a Audi.
E a diversão não para por aí com o quattro ultra. Ao coletar dados obtidos a partir dos vários sensores do carro (incluindo a posição do GPS e a temperatura externa), o sistema quattro ultra da Audi pode até prever quando a pessoa na direção vai precisar da tração dianteira ou de quatro rodas sem qualquer outra intervenção necessária.
E o Audi R8 com tendência traseira?
Até agora, vimos que o quattro pode ser montado transversal e longitudinalmente. Mas e quanto ao peixe fora d'água nesta variação: o supercarro R8 de motor V10 com montagem central? Naturalmente, ele recebe sua própria variação, usando uma embreagem de múltiplos platôs controlada eletronicamente a fim de atingir uma tração aceitável.
Por causa do motor pesado na traseira, o R8 tende para a direção desse peso, com uma divisão de 85% no eixo traseiro e 15% no dianteiro. Porém, quando os requisitos de aderência ou pilotagem mudam, uma bomba de pistão axial elétrica (que pode acumular até 40 bares de pressão em apenas alguns milissegundos) pressiona as placas de fricção dentro da embreagem, o que passa a permitir uma variação constante de torque entre os eixos dianteiro e traseiro.
Nas versões de segunda geração do R8, isso permite até mesmo que o quattro distribua 100% do torque disponível para o eixo dianteiro ou traseiro. Mas se você quer mesmo um R8 de tração traseira, opte pelo R8 RWS desenvolvido entre 2017 e 2018: mais leve, mais rápido e permanentemente apenas com tração traseira.
Qual você prefere?
É muita tecnologia para absorver em tão pouco tempo e antes que você venha falar do que faltou no texto, a gente sabe que isso não vai muito além do básico do quattro. Mas ele é tipo o número festivo da Audi, afinal, sua tecnologia não só deu a ela destaque na década de 1980, como continua fazendo isso até hoje, em 2024, com mais veículos do que nunca ostentando sua tração nas quatro rodas.
Naturalmente, esse prestígio rendeu edições bem especiais do quattro ao longo dos anos, indo do berrante carro de corrida IMSA GTO ao R18 e-tron, vencedor de Le Mans. Mas se a gente tivesse que escolher só um? Então vamos de Audi RS2 Avant e seus cinco cilindros e cinco portas.
Uma perua rápida desenvolvida em parceria com a Porsche que também ostentava o quattro no início dos anos 1990. Até para os padrões atuais, ela é tremendamente bacana e rápida. Diga aí nos comentários qual é o seu favorito.
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